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14 de junho de 2011

Confúcio

Confúcio é um dos Mestres Primordiais do Void Direito.

Confúcio,  com seu nome de família K'oung,  era de origem real mas pobre,  e passou a maior parte de sua vida a ensinar e teve um papel ativo na vida política chinesa.

O ensinamento de Confúcio é orientado de maneira muito concreta no que se relaciona à prática moral e social,  notadamente política.  Ele é o autor de comentários sobre o I Ching,  o Livro das Mutações,  que é o mais antigo dos livros de sabedoria chinesa.  Seu ensinamento teve um tal sucesso que se tornou a doutrina oficial do Estado.

Dentre outras aplicações,  o recrutamento de funcionários se fazia na base dos conhecimentos desses ensinamentos,  e foi preciso esperar a revolução cultural de 1965 para que o confucionismo fosse definitivamente rejeitado como doutrina oficial.

O fundamento da moral de Confúcio é o Meio Invariável.  Lealdade,  equidade e comportamento justo são as regras para o desenvolvimento do homem de bem.
Em seus Diálogos,  o Mestre disse: "Um homem de bem que não tenha gravidade não se faz respeitar e não pode ter o conhecimento correto.  O homem de bem é antes de tudo leal e fiel à sua palavra.  Ele não tem medo de corrigir seus próprios defeitos.
 


A obra de Confúcio resume-se praticamente em três grandes livros:
1) Os Analectos;
2) O Caminho do Meio e
3) A Doutrina da Aprendizagem.

Confúcio inicia o seu livro ‘O CAMINHO DO MEIO’ da seguinte forma:

“Aquilo que Céu concedeu é chamado de A Natureza; a manutenção da harmonia com essa Natureza é chamada de O Caminho do Dever; o ordenamento desse Caminho é chamado de Instrução.
O Caminho não pode ser abandonado nem por um instante. Se ele pudesse ser abandonado, ele não seria o Caminho. Por levar isso em consideração, o homem superior não espera até que veja as coisas acontecerem a fim de ser cauteloso e nem espera ouvir coisas para que fique apreensivo.
NÃO HÁ NADA MAIS VISÍVEL DO QUE AQUILO QUE É SECRETO, e nada mais manifesto do que aquilo que é minúsculo. Assim sendo, O HOMEM SUPERIOR PERMANECE ALERTA EM RELAÇÃO A SI MESMO, QUANDO ESTÁ SOZINHO.
Pode-se dizer que a mente está num ESTADO DE EQUILÍBRIO, quando não houver nela reações de prazer, raiva, tristeza ou alegria. Quando esses sentimentos se manifestam e agem em seu grau adequado, isso assegura aquilo que pode ser chamado de estado de Harmonia. O Equilíbrio é a grande raiz da qual derivam todos os atos humanos nesse mundo, e essa Harmonia é o caminho universal que todos eles deveriam perseguir.”


No livro denominado ‘A GRANDE APRENDIZAGEM’, Confúcio explica:

“O que ‘A Grande Aprendizagem’ ensina é o aprimoramento da eminente virtude, a renovação do povo e a manutenção da mais alta excelência.
Conhecendo-se o ponto de apoio, determina-se o objeto a ser alcançado e com isso pode-se conquistar uma serena imperturbabilidade. A partir dessa calma seguir-se-á um repouso tranqüilo. Nesse repouso pode ocorrer uma cuidadosa deliberação, sendo que essa deliberação será seguida da consecução do objetivo desejado.
As coisas têm as suas raízes e seus galhos. Os relacionamentos têm fim e começo. Saber o que deve vir em primeiro lugar e em último lugar conduzirá ao que é ensinado na Grande Aprendizagem.
Os sábios antigos que quiseram aprimorar a eminente virtude em todo o reino, primeiramente, puseram tudo em ordem em suas próprias províncias. No afã de colocar em ordem as suas províncias, eles organizaram, em primeiro lugar, as suas famílias. A fim de organizar as suas famílias, eles aperfeiçoaram as suas personalidades. Para burilar as suas personalidades, eles retificaram os seus corações. A fim de corrigir os seus corações, eles primeiro procuraram ser sinceros em seus pensamentos. Para que pudessem ser sinceros em seus pensamentos, eles procuraram expandir ao máximo os seus conhecimentos. Essa expansão dos conhecimentos repousa na investigação das coisas.
Tendo sido investigadas as coisas, o conhecimento tornou-se completo. A partir de seu conhecimento completo, os seus pensamentos tornaram-se sinceros. Com seus pensamentos sinceros tornou-se possível retificar os seus corações. Dado que seus corações foram retificados, as suas personalidades foram aprimoradas. Tendo sido aprimoradas as suas personalidades, tornou-se possível pôr em ordem as suas famílias. Tendo posto em ordem as suas famílias, tornou-se possível governar bem as províncias. Como todas as províncias estavam sendo bem governadas, todo o reino tornou-se tranqüilo e feliz.
Deve-se considerar como a raiz de tudo aquilo que acontece o aprimoramento do indivíduo. Quando o aprimoramento do indivíduo é negligenciado não se pode ordenar bem aquilo que surgir em conseqüência dessa negligência…” 


Tal como a sua personalidade, os seus ensinamentos são naturais, humanos e simples. A vida real foi usada por ele a fim de ilustrar os seus pontos de vista, dado que isso era fácil para as pessoas entenderem. Ele dividiu a vida em cinco tipos de relacionamentos que são:
1. Do rei com os ministros;
2. Do marido com a esposa;
3. Dos pais com os filhos;
4. De um irmão com outro;
5. De um amigo com outro.
Conduzir esses relacionamentos de maneira virtuosa e respeitosa seria seguir a vontade do Céu.

Ele diferenciava um homem espiritual de um homem materialista da seguinte forma: “o homem superior compreende aquilo que é correto, enquanto que o homem inferior só compreende aquilo que dá lucro”.

Segundo Confúcio, as seguintes virtudes devem ser cultivadas: o humanitarismo, a justiça, o protocolo (etiqueta ou boas maneiras), a sabedoria e a sinceridade.

Quanto à SINCERIDADE, Shri Mataji enfatiza a sua importância na Sahaja Yoga, por exemplo, a necessidade de cantar e orar com AMOR NO CORAÇÃO. A esse respeito Confúcio diz:

“A sinceridade é o meio pelo qual o auto-aprimoramento é completado. Aquele que possui sinceridade não se aprimora somente a si mesmo, mas com essa qualidade ele aprimora as outras pessoas também”.

Essa citação tem ainda uma outra conotação adicional, quando vista sob a luz da Sahaja Yoga: UM CORAÇÃO ABERTO E SINCERO FACILITA A SUBIDA DA KUNDALINI PELO CANAL CENTRAL (SUSHUMNA NADI).

Confúcio (conhecido na língua chinesa como Kong Fu Tseu) tornou-se conhecido no ocidente somente no século XVI e não fundou nenhuma religião nova, mas apenas externou conceitos de ética e de sabedoria que, até hoje, constituem verdadeiros ensinamentos. Ele era fundamentalmente um educador, crítico social e cientista político.

O seu método de trabalho consistia em “aprender todos os dias algo que se ignora e a cada mês assegurar-se de que nada foi esquecido. O bom estudo está nisso apenas e não em outra coisa qualquer”.

Ainda muito jovem, ele demonstrava tanta seriedade nos estudos que o seu professor perguntou-lhe por que motivo estudava tanto. Ele respondeu: “aquele que chega aos quarenta ou cinqüenta anos sem nada ter aprendido, não se encontra numa situação desesperadora?”

Confúcio enfatizou o papel da educação no desenvolvimento do ser humano, independentemente da classe a que pertencia o indivíduo, pois “onde há educação não existem classes sociais”. A educação deveria levar as pessoas a pensarem por si mesmas.

Dentre todas as virtudes, ele destacou três que seriam as básicas: o humanitarismo, a justiça e o protocolo nas relações sociais (ou etiqueta). 
O humanitarismo era a principal virtude a ser alcançada pelo homem e a base moral da ordem social devia basear-se nessa virtude. Sua definição de humanitarismo é: o AMOR ENTRE AS PESSOAS. A principal regra pedagógica preconizada por ele deveria ser o exemplo pessoal.

A fim de se desenvolver o humanitarismo é fundamental que se cultivem as seguintes qualidades: RESPEITO AOS OUTROS, LEALDADE, SINCERIDADE, PRUDÊNCIA E GENEROSIDADE. Ademais, o humanitarismo abarca a atividade social e o auto-desenvolvimento.

Um discípulo perguntou a Confúcio: “se alguém é generoso com o povo e pode ajudar as massas. O que é isso? Poderia ser chamado de humanitarismo?” Confúcio respondeu: “alguém assim seria não apenas humanitário, mas seria um sábio. Até os maiores reis tiveram dificuldade em fazer isso. Aqueles que são humanitários, quando desejam estabelecer-se, estabelecem os outros. Quando desejam o sucesso, ajudam os outros a obtê-lo…”

A segunda virtude, a justiça, pode ser traduzida como dever ou como a observância de princípios éticos fundamentais. A justiça (ou dever) se contrapõe ao lucro ou à vantagem, pois “o homem sábio aspira à perfeição, enquanto que o homem vulgar busca seu próprio bem-estar. O primeiro se preocupa em cumprir o seu dever, enquanto que o segundo se preocupa em solicitar favores”. E ainda: “o discípulo da sabedoria é muito diligente no que concerne ao dever. O homem vulgar preocupa-se apenas com o seu interesse próprio”. O senso de dever deve estribar-se num princípio impessoal de justiça.

A terceira virtude, o protocolo (ou etiqueta), embora tendo um papel central no esquema moral de Confúcio está subordinado ao humanitarismo e à justiça. O significado dessa virtude, ou seja, a observância do protocolo, tem a ver com as atitudes gentis na vida cotidiana, com a realização adequada dos rituais sociais, bem como com a coexistência pacífica entre as nações. Na base do protocolo estão o RESPEITO e a CORTESIA.

Quanto ao objetivo do conhecimento, este não deve visar exercitar apenas as funções intelectuais, mas deve abranger a aplicação prática das virtudes do humanitarismo, da justiça e do protocolo. O desenvolvimento do conhecimento conduz à sabedoria que é a capacidade de compreender as particularidades através de uma visão unificada.

A qualidade da sinceridade e a fidelidade aos ideais são os atributos que unem o humanitarismo, a justiça, o protocolo (ou cortesia) e a sabedoria. Confúcio comparou a sinceridade ao elo entre um veículo e sua fonte de potência e ela é essencial à vida de uma coletividade, sociedade ou nação. Ser fiel às virtudes do humanitarismo, da justiça e do protocolo é o ideal de Confúcio.

Escreveu comentários ao Livro das Mutações – I Ching (literalmente, o Livro do Camaleão) – e teve as suas respostas às indagações de seus discípulos registradas nos Analectos (ou Coleção de Escritos).

Esses Analectos são compostos de 432 perguntas e respostas, divididas em vinte capítulos. Os Analectos, ou aforismos de Confúcio, são uma fonte de aconselhamento sobre os mais diversos assuntos humanos, desde o governo dos países, direção de empreendimentos, relacionamentos sociais, manutenção da família até o auto-aperfeiçoamento. Esses aforismos, dado o seu caráter genérico, aplicam-se às mais diferentes culturas e sociedades de todas as épocas.  

Alguns temas importantes são abordados nos Analectos:

Autoconhecimento e amor
“Minha doutrina se resume numa só coisa que abrange tudo. Toda a sabedoria consiste em aperfeiçoar-se a si mesmo e a amar os outros como a si mesmo”.
Agir mais do que falar
“O sábio aplica-se em ser lento no falar e rápido no agir”.
Sobre a fé
“Se as pessoas não têm fé, não sei para que servem. Pode um veículo trafegar sem uma conexão com a sua fonte de energia?”
Doçura no falar
“Adverte teus amigos com franqueza e aconselha-os com doçura. Se não aprovarem a tua advertência, detém-te. Evita afrontar os teus amigos”.
Fé cega
“Estudem sem pensar e serão cegos. Pensem sem estudar e estarão em perigo”.
Arrogância
“Ser pobre sem amargura é fácil; ser rico sem arrogância é difícil”.
Desapego
“Oh, que grandeza de alma! Chueun e Lu possuíram um Império e mesmo assim seu coração não se tornou escravo dele”.
Crítica
“Não fale sobre o que já está feito. Não remoa o que já está acabado. Não critique o que já aconteceu”.
Defeitos evitados
“O Mestre evitava quatro defeitos: não tinha desejos desordenados, nem determinação irrevogável, nem teimosia e nem egoísmo”. 

Lao Tsé e Confúcio foram contemporâneos.  Lao Tsé nasceu em torno de 570 anos antes de Cristo e Confúcio cerca de 550 anos antes de Cristo.  Era aproximadamente a época de Buda na Índia,  de Pitágoras na Grécia,  de Nabucodonosor  e do cativeiro dos hebreus na Babilônia.  Sócrates veio ao mundo alguns anos antes de Confúcio falecer.
Lao Tsé e Confúcio apareceram no momento de um declínio da ordem política e moral: a China assistia a uma divisão do poder central,  os vassalos se tornavam mais poderosos que o soberano e tomavam liberdades em matéria religiosa.




Fonte : Apostila do Void da Sahaja Yoga