"Exige muito de ti mesmo e espera pouco dos outros. Assim, muitos aborrecimentos te serão poupados".
"O sábio pode descobrir o mundo sem transpor a sua porta. Ele vê sem olhar, realiza as coisas sem agir".
Ignora-se totalmente a vida pessoal de Lao Tsé, se bem que sua existência histórica seja certa.
Os ensinamentos:
Lao Tsé teria sido o autor do Tao Te King. O Tao significa o caminho do meio. Ele está na origem de todas as coisas e de todos os seres do Universo, o princípio cósmico imanente a toda existência humana e a toda atividade da natureza. O Tao é apresentado como a unidade não diferenciada onde se conciliam todos os contrários, e todas as diferenças de experiência e do pensamento humano. O Tao só pode ser alcançado por uma espécie de intuição mística. A fim de evocá-lo, Lao Tsé se utiliza de símbolos poéticos.
De uma maneira paradoxal, o Tao age sem agir. Ele não faz nada, se bem que tudo é feito por ele.
Tao (de onde deriva a palavra taoísmo) é o pensamento criativo de T’ai Yi (o Princípio Supremo da Vida ou o Deus Criador). À direita vê-se uma cabeça, com um rosto, e essa cabeça pensa, emitindo uma tripla radiação que pode ser identificada como a manifestação da existência, extraída de sua essência e de sua substância.
À esquerda, há um pé (embaixo) que deixa traços de sua passagem, o que é uma alusão aos sinais visíveis com que o Tao lembra ao homem que com eles pode e deve identificar-se. Como o ideograma sugere um percurso (do pé que deixa traços de sua passagem), talvez por isso é comum traduzir-se o Tao para as línguas ocidentais como “caminho”.
Uma das lendas acerca do nascimento de Lao Tsé narra que ele foi concebido imaculadamente por um estrela cadente e nasceu de cabelos brancos, após ter permanecido no útero de sua mãe durante sessenta e dois anos. Posteriormente, tornou-se guardião dos arquivos imperiais em Loyang, antiga capital da China, que é hoje a província de Honan.
Seu verdadeiro nome seria Lao Tan. Lao Tsé é título honorífico que significa o “velho mestre” e, ao mesmo tempo, a “criança velha”. Antes de se retirar do mundo, Lao Tsé casou-se e teve filhos. Segundo alguns, quando Lao Tsé estava se retirando do mundo, montado num búfalo, um discípulo lhe implorou que deixasse um testemunho de sua sabedoria. Foi, a partir daí, que ele começou a redigir o TAO TE CHING (Tao significa ‘o pensamento criativo de Deus’ ou ‘o caminho de toda a vida’, ou ‘grande caminho’; Te significa ‘o uso adequado da vida pelos homens’ e Ching significa ‘um texto’ ou ‘um livro clássico’). Seu fim permaneceu enigmático, mas enquanto viveu na Terra, ele viveu para as supremas verdades do Tao.
Lao Tsé definia-se da seguinte maneira: “somente eu sou indeciso, desprovido de sinais indicadores para as minhas ações, como uma criança que não sabe rir e como um viajante cansado que não tem pátria”.
A noção do Tao sofreu uma profunda transformação a partir de Lao Tsé. Deixa de significar apenas ‘caminho’, para significar a própria realidade suprema. Para os taoístas, o Tao está além do céu e é o último princípio metafísico que engloba todos os aspectos do ‘vir a ser’ e da multiplicidade fenomênica.
Lao Tsé chama o Tao de ‘o antepassado de todos os seres’, ‘a Mãe dos dez mil seres’, ‘a Mãe do Mundo’, e ‘o Pai e a Mãe da Doutrina’. São ainda muitas as passagens em que Lao Tsé se refere ao Tao como ‘o Indefinível’, ‘o Inatingível’, ‘Aquele que não tem nome’. O Tao é o Absoluto Impessoal ao qual não se pode atribuir nenhuma qualidade, uma vez que Ele é a fonte de todas as qualidades. Como se pode ver no Tao Te Ching, em ‘As Faces do Mistério’:
“Existe algo indefinido e completo, que nasceu antes do Céu e da Terra.
Como é tranqüilo e sem forma, uno e imutável, e tudo alcança sem se esgotar.
Ele deve ser considerado como a MÃE DE TODAS AS COISAS.
Como não sei o seu nome, chamo-o de Tao.
Esforçando-me mais para dar-lhe um nome posso chamá-lo de GRANDE…”
Para Lao Tsé a única finalidade da existência humana é conhecer o Tao e viver em harmonia cada vez mais íntima com ele. Para isso, é necessário buscar desenvolver a discriminação ou o discernimento, como se pode ver no Tao Te Ching:
“Quem conhece os homens desenvolve a sua sabedoria,
Mas quem conhece a si mesmo atinge a iluminação.
Quem domina os homens pode ser considerado forte,
Mas quem domina a si mesmo pode ser considerado poderoso.
Quem é ambicioso não se satisfaz nunca,
Mas quem se contenta com aquilo que tem é rico….”
Lao Tsé enfatiza a humildade, a compaixão e a justiça, como se pode ver no Tao Te Ching, no poema 67:
“… São três os tesouros de uma pessoa simples:
O primeiro é a compaixão,
O segundo é a justiça,
O terceiro é a humildade.
Quando um homem é compassivo, ele nada teme.
Quando ele é justo, ele é generoso com os outros.
Quando ele é humilde, ele pode elevar-se…
Já uma pessoa arrogante e sem compaixão
É complacente consigo mesma e não compartilha nada com os outros.
Julga-se muito importante e é desprovida de pudor.
Na verdade, esta pessoa já está morta.
O escudo invisível da compaixão é uma arma que o Céu fornece
Para proteger as pessoas da morte…”
O primeiro é a compaixão,
O segundo é a justiça,
O terceiro é a humildade.
Quando um homem é compassivo, ele nada teme.
Quando ele é justo, ele é generoso com os outros.
Quando ele é humilde, ele pode elevar-se…
Já uma pessoa arrogante e sem compaixão
É complacente consigo mesma e não compartilha nada com os outros.
Julga-se muito importante e é desprovida de pudor.
Na verdade, esta pessoa já está morta.
O escudo invisível da compaixão é uma arma que o Céu fornece
Para proteger as pessoas da morte…”
No poema denominado o ‘O caminho do Céu’ (9), Lao Tsé preconiza:
“Um vaso não deve estar totalmente cheio, pois será difícil carregá-lo.
Uma faca muito amolada perderá seu gume com o tempo.
Uma pessoa detentora de muitos tesouros perderá a sua segurança.
Se a riqueza e as honrarias produzirem a arrogância, o mal surgirá.
Se tivermos atingido a fama, após ter realizado o nosso trabalho,
A sabedoria consistirá em não nos deixar envolver por ela.
Eis aí o caminho”.
O Tao é muito semelhante à água, eis que a água tem a qualidade de ser capaz de tomar a forma de qualquer vasilha que a contenha. Logo, ele é a coisa mais flexível e espontânea que existe.
O Tao é feminino em sua natureza e é descrito como a Mãe de todas as coisas. É obviamente a própria Kundalini.
“O Espírito do vale nunca morre. Ele é chamado de mulher misteriosa. A porta da mulher misteriosa é a raiz do Céu e da Terra. Ainda que se apresente com pouca nitidez, ele é usado pelos homens mas não se esgota nunca”.
A partir dos ensinamentos de Lao-tsé, aprendemos que o objetivo de um Guru é disseminar a LUZ DIVINA, tornando-se um canal que ilumina os buscadores e os leva para níveis mais altos.
Lao-tsé era a incorporação do Guru que expressa o Divino. Isso pode ser visto não apenas através de seus ensinamentos, mas também através de sua vida. Ele podia ver apenas uma coisa que era o TAO, ou DEUS como o Absoluto. Ele não se permitia nenhuma dispersão. Ele era puro em sua atenção.
Um Guru ensina mediante o uso de uma imensa compaixão. Lao-tsé amava todos os buscadores, porque reconhecia neles o Divino. Era isso que ele amava nas pessoas e para esse aspecto, ele dirigia os seus ensinamentos. Um Guru ensina aquilo que é puro. A pureza permite que vejamos através da ilusão do Divino e lá descobrimos o desapego na alegria, o contentamento no amor e o aspecto absoluto do Espírito.
Quando uma pessoa se torna Guru, ela é absorvida pelo oceano do Divino. Nós ficamos tranqüilos, achamos que nada importa, sabemos que ficaremos bem, dado que nos tornamos puros.
“O mundo teve um início e nesse início pode ter sido a Mãe do Mundo. Quando conhecemos a Mãe podemos conhecer a criança. Após termos conhecido a criança, voltamos para a Mãe. No fim de nossos dias, não encontraremos o perigo”.
Fonte : Apostila do Void da Sahaja Yoga