O nome ‘Sita’ significa sulco. Ela foi descoberta por seu pai (Raja Janaka) num sulco feito no chão por um arado e é considerada como sendo Filha da Terra.
Das personagens do Ramayana descritas por Valmiki, Sita é a menos analisada. Por isso, é preciso ler nas entrelinhas, para se ver que ela teve um papel crucial como intermediária em relação à natureza. É Sita que oferecia as libações aos espíritos da natureza. Ela arranjou tudo para tornar mais fácil o exílio de Rama nas florestas hostis. Ademais, ela foi a personagem que se sentiu menos perturbada pela perda da vida palaciana, quando seguiu seu marido no exílio.
Em sua vida anterior, Sita chamava-se Kusha, a filha dos habitantes da floresta. Inúmeros homens e entidades provenientes de diversos mundos aproximavam-se de seu pai, Kushadvaj, no afã de pedir a sua mão em casamento. Seu pai foi morto por um pretendente ciumento e sua mãe morreu de tristeza. Sita teve, desse modo, de se defender sozinha, ainda muito jovem, na floresta. Ela tentou superar as práticas de ioga que seu pai fazia e adquiriu, com isso, inúmeros poderes mágicos.
Kusha (ou Sita, numa encarnação anterior) encontrou-se com Ravana. Ravana a conheceu durante uma de suas primeiras investidas no sentido de conquistar o domínio do universo. Como roupa, ela se cobria com a pele de um antílope negro e usava um coque no cabelo, o que incrementava o seu fascínio.
Kusha disse a Ravana: “tu podes ir embora agora, porque sei quem tu és. Meu pai somente ter-me-ia casado com o próprio Senhor Vishnu”. Ravana agarrou-a pelo cabelo, com a intenção de seqüestrá-la. Ela transformou o seu próprio braço numa espada e cortou a cabeça de Ravana. Ele armou uma pira funerária e disse a Ravana: “após ter sido tocada por ti, não quero mais viver. Teu comportamento deixou-me tão desgostosa com os homens, que rezo para que, em minha próxima vida, eu não nasça de nenhum útero” (ou seja, algo que exija a participação de um homem).
Kusha atirou-se no fogo e, renasceu, instantaneamente, de um lótus imenso que emergiu das chamas. Ravana seqüestrou-a, novamente, e tratou, dessa vez, de levá-la para seu palácio em Lanka, onde um de seus ministros elaborou o mapa astral dela e advertiu Ravana que este deveria levá-la de volta imediatamente. Esse ministro astrólogo disse a Ravana: “no futuro, ela contribuirá para a sua destruição”. Ao ouvir isso, Ravana jogou-a no mar. Seu corpo ficou à deriva, até que chegou à uma praia que ficava nos domínios do Raja Janaka, um rei bom e piedoso. Sob a forma de uma criança, ela foi desenterrada do solo e adotada por Raja Janaka que lhe deu o nome de Sita.