HARMONIA NO REINO DE AYODHIA
Há muito tempo, no norte da Índia, havia um reino chamado Kosala, cuja capital era Ayodhya. Era um reino próspero e feliz. Seu rei era Dasharatha, que era adorado pelo povo, pois era justo e bondoso.
O rei estava preocupado, porque não tinha um herdeiro e pediu a um homem santo, Vasishtha - o sacerdote do reino, que celebrasse um Yagnya, isto é, um ritual sagrado. Um Ser Divino surgiu nesse ritual do fogo e presenteou o rei com um Payasam, que é uma espécie de doce feito de leite com arroz e lhe disse: “cada uma de tuas esposas deve comer um pedaço desse doce e, no devido tempo, todas terão filhos”. Cada uma das três esposas do rei comeu desse doce Divino e, nove meses depois, tiveram quatro filhos. Da rainha Kaikeyi, nasceu Bharata; da rainha Sumitra, os gêmeos Shatrughna e Lakshmana e da rainha Kausalya, o filho mais velho, Rama, que é o sétimo Avatar do Senhor Vishnu.
Os filhos do rei Dasharatha cresceram fortes, belos e obedientes aos seus pais. Aos quatro foi ensinada a arte do manejo do arco e flecha, bem como os preceitos religiosos, os deveres sociais e uma conduta dhármica. Dentre os irmãos e em relação a quaisquer qualidades humanas, Rama destacava-se como o melhor de todos. Ademais, Rama e Lakshmana eram inseparáveis, como se constituíssem uma só vida em dois corpos.
Ensinados a ser bons guerreiros por seu sábio Guru, Rama e seu irmão Lakshmana foram recrutados por Vishwamitra para ajudar a combater os demônios que vinham perturbando as meditações feitas, na floresta, pelos Rishis (santos, sábios). O rei Dasharatha titubeou muito em acatar o pedido do sábio, dado que os dois príncipes tinham apenas dezesseis anos de idade. Apesar de entender o sofrimento do rei, Vishwamitra não tinha outra opção, pois sabia que Rama, como Avatar de Vishnu, era o único ser humano capaz de exterminar os demônios comandados por Ravana.
Os jovens guerreiros derrotaram todos os demônios, entre estes Tataka, uma entidade demoníaca feminina terrível e, com isso, o seu Guru Vishwamitra pôde completar sua Tapasya em paz. Então, Vishwamitra chamou os dois príncipes e comunicou-lhes que os levaria ao reino de Mithila. No caminho, eles passaram pelo Ashram do sábio Gautama. Este sábio havia amaldiçoado sua esposa infiel Ahalya, transformando-a em pedra. Ela ficaria assim por milhares de anos e só se tornaria, novamente, um ser humano, quando Rama, filho do rei Dasharatha, passasse por ali. Foi assim que Rama libertou Ahalya da desgraça. Em Mithila, eles veriam o maravilhoso arco que havia sido dado de presente por Shri Shiva a Raja Janaka, o rei de Mithila. Raja Janaka havia proclamado que aquele que manejasse esse arco casar-se-ia com sua filha Sita.
O CASAMENTO DE SITA E RAMA
A bela Sita (em verdade, uma encarnação da esposa de Vishnu, Lakshmi) havia nascido da Mãe Terra e foi descoberta pelo rei Janaka, quando este, em cerimônia anual simbólica relativa ao início do plantio, fez o primeiro sulco na terra com um arado. Somente o maior dos guerreiros (Kshatriyas) poderia ser o marido dela. Por isso, o arco, presente de Shri Shiva ao rei Janaka, serviria para testar o valor do pretendente à mão da princesa. Aquele que pudesse manejar esse arco mágico se tornaria noivo de Sita.
Quando o dia chegou, estavam em Mithila os grandes nobres da Índia no afã de disputar a mão da linda princesa. O magnífico trono do rei Janaka foi colocado no belo jardim. Sita sentou-se ao lado de seu pai e a Vishwamitra foi indicado um lugar de honra. Uma carreta empurrada por cem homens foi trazida para o jardim, tendo dentro dela, o pesado e magnífico arco. Vários pretendentes tentaram levantá-lo sem qualquer sucesso. A essa altura, os presentes estavam pensando: “será que o príncipe Rama seria bem-sucedido?”
Quando chegou a sua vez, Rama encaminhou-se para a carruagem e levantou, com a maior facilidade, o pesado arco. Houve um grito de surpresa e alegria, porque ninguém até aquele momento fora capaz de tal feito. Então, Rama vergou o arco e ouviu-se um ruido ensurdecedor, pois ele havia partido o arco em dois pedaços. Todos os presentes aclamaram o príncipe Rama que deveria se casar com a linda princesa Sita. Sita olhou para o príncipe Rama e concluiu que nunca havia visto um ser humano tão belo e Rama viu Sita como a mais bela entre todas as mulheres mais belas do mundo.
Um mensageiro foi enviado à Ayodhya, pois o Raja Janaka queria a permissão e a presença do rei Dasharatha, seu amigo de longa data, para o grande evento que seria o casamento de Sita com Rama. Dasharatha viajou feliz com suas esposas e demais filhos para Mithila, onde foram recebidos com grande honra.
Vishwamitra foi ao encontro de Dasharatha e lhe disse: “o rei Janaka tem mais uma filha que se chama Urmila, que poderia se casar com Lakshmana. Um irmão do rei Janaka, por sua vez, tem duas filhas que poderiam se casar com Bharata e Shatrughna”.
Não somente um casamento foi celebrado mas quatro, com muita festa e alegria para os povos dos dois reinos.
Bharata e Shatrughna foram com as suas esposas para o reino de Kaikeya (avô de Bharata e pai de Kaikeyi). Rama e Lakshmana e suas esposas, bem como os demais parentes, retornaram, triunfalmente, à Ayodhya. A paz e a felicidade continuaram a reinar ali por muitos anos, até que o rei decidiu renunciar ao trono em favor de seu filho Rama, que já havia se tornado sábio e maduro.
Rama era um jovem perfeito, pois possuía todas as qualidades nobres. Era paciente com os erros dos outros, mas não com os seus, eis que buscava ser sempre correto. Alegrava-se com a companhia dos mais jovens, dos mais velhos e das pessoas sábias. Era inteligente, corajoso, correto e bondoso. Era um guerreiro perfeito: sabia usar a violência quando era preciso, assim como a ternura e a diplomacia. Era saudável, forte e belo. Conhecia profundamente as Escrituras sagradas, sendo um Sat-Purusha, isto é, o ser humano ideal.
OS DOIS DESEJOS DA RAINHA KAIKEYI
A decisão do rei Dasharatha de fazer de Rama o rei de Ayodhya foi considerada sábia pelos seus conselheiros e aprovada pelo seu povo.
No entanto, as celebrações e a alegria da família real e do povo de Ayodhya foram abaladas pelo plano ardiloso de Manthara, uma serva corcunda e maligna da rainha Kaikeyi. Manthara, para não perder a sua posição no palácio, convenceu a rainha Kaikeyi de que se Rama fosse coroado, a própria rainha Kaikeyi ficaria em posição secundária em relação à mãe de Rama (Kausalya). Foi assim que Manthara persuadiu sua patroa de que o filho dela, o príncipe Bharata, deveria ser o rei e não Rama.
Certa vez, o rei Dasharatha havia concedido à Kaikeyi o direito de verem realizados dois desejos dela, por tê-lo auxiliado numa batalha. Agora, por insistência de sua maldosa criada Manthara, ela pediu ao rei que seus dois desejos fossem concretizados: o primeiro era a concessão do trono do reino para seu filho Bharata e o segundo era a decretação de um exílio de 14 anos para Rama.
O velho rei não podia acreditar no que ouvira. Totalmente perplexo, pálido e trêmulo, implorou à Kaikeyi que não lhe pedisse tais coisas. Ele disse: “se Rama for exilado por 14 anos, eu nunca mais o verei. Por favor, pede-me qualquer outra coisa”. Kaikeyi, no entanto, não aceitou sua súplica, exigiu que o rei cumprisse a sua palavra e satisfizesse os seus dois desejos.
O velho rei Dasharatha ficou furioso com esses pedidos da rainha Kaikeyi, porém como um guerreiro (Kshatriya), ele não podia voltar atrás com sua palavra, o que significava que ele deveria abrir mão de coroar como seu herdeiro seu filho Rama. Como um filho cumpridor de seus deveres e obediente, Rama acatou, imediatamente, os desejos de sua madrasta e concordou em assumir o seu Dharma. Ele disse: “o que foi dito por meu pai será cumprido, pois isso, para mim, é uma ordem sagrada. Pai, a tua palavra é lei e é um dever sagrado de um filho respeitar seu pai”. Depois disso, Rama disse para sua mãe a rainha Kausalya: “por favor, minha mãe, facilita as coisas para que meu pai faça de Bharata um novo rei”.
Quando a novidade se espalhou pelo palácio, todos ficaram horrorizados, pois o herdeiro legítimo era Rama, que era o filho mais velho e o mais capaz de governar o reino. Lakshmana gritou para quem quisesse ouvir: “matarei qualquer um que se interpuser entre meu irmão Rama e o trono. Por favor, Rama, não aceites isso, pois se o fizer, nosso pai morrerá de desgosto. Se isso ocorrer, Ayodhya não será um reino próspero e feliz. Não permitas que isso ocorra devido às maquinações de Kaikeyi, a rainha má”. Rama, no entanto, estava decidido a honrar a palavra de seu pai e disse a Lakshmana: “sabes que é meu sagrado dever, meu Dharma, atender a esses desejos e assim será”. Lakshmana replicou: “se saires de Ayodhya, irei contigo”.
Rama tentou convencer Sita a esperá-lo em Ayodhya, mas ela lhe disse com firmeza: “é meu dever, meu Dharma, como esposa estar ao teu lado. Como a sombra segue sempre determinada coisa, assim também a esposa segue o seu marido. Acompanhar-te-ei sempre”.
OS TRÊS EXILADOS
Foi assim que Sita e Lakshmana insistiram em acompanhar Rama. Os três se vestiram com roupas simples feitas de cascas de árvores e partiram para a floresta, no afã de começar o exílio de 14 anos. Após terem atravessado o sagrado rio Gânges (Ganga), os três exilados souberam que o rei havia morrido de um ataque cardíaco, deixando o trono para Bharata, satisfazendo assim o desejo da rainha Kaikeyi e o plano ardiloso de sua criada Manthara. Todavia, Bharata de nada sabia, pois ainda se encontrava no reino de seu avô, Kaikeya. Quando soube por que motivo o trono lhe seria dado reprovou o comportamento de sua mãe.
Bharata também era um guerreiro (Kshatriya). Ele não desafiaria o seu próprio Dharma a fim de usurpar o trono que era um direito de seu irmão mais velho, Rama. Ele então foi à floresta Chitrakut visitar os exilados e pediu a Rama que voltasse e assumisse o trono que era seu por direito. Quando Rama se recusou a voltar, Bharata pegou as sandálias de seu irmão, levou-as para Ayodhya, colocou-as no trono, para que todos vissem que o verdadeiro rei estava ausente e prometeu governar o reino em nome de Rama, até que o período de seu exílio terminasse.
Durante algum tempo, os três exilados viveram tranqüila e alegremente em seu Ashram simples em Panchavati, na floresta Dandaka, rodeados de animais selvagens e de homens santos.
Perto deles morava um pássaro mítico chamado Jatayu (irmão de Garuda e de Sampati). Quando Rama e Lakshmana saiam para caçar, Jatayu cuidava da segurança de Sita. No entanto, a paz deles foi interrompida por uma Rakshasi (entidade demoníaca feminina) que se chamava Shurpanakha, irmã de Ravana. Assumindo a forma de uma mulher maliciosa, ela fez uma proposta de casamento a Rama, que a recusou dizendo que já era casado e não queria ter uma segunda esposa. Por causa disso, ela passou a insultar e a ameaçar Sita. Vendo isso, Lakshmana cortou as orelhas e o nariz de Shurpanakha. Ela correu ao encontro de seus irmãos Khar e Dushana que viviam ao sul dessa floresta. Eles ao verem o sofrimento da irmã foram com seus guerreiros matar os três nobres exilados. Todavia, Rama e Lakshmana eram guerreiros inigualáveis e eliminaram os irmãos de Shurpanakha e todo o seu exército de Rakshasas. Quando Ravana soube do que havia ocorrido com sua irmã e seus dois irmãos, jurou vingar-se.
O MAQUIAVÉLICO SEQÜESTRO DE SITA POR RAVANA
Ravana planejou que, com o auxílio do velho Rakshasa e mago Maricha, ele seqüestraria Sita. Maricha tinha o poder de se transformar em qualquer coisa: um animal, uma flor, uma árvore, etc. Ravana ordenou que quando chegassem a Panchavati, ele deveria se transformar num antílope dourado e passear diante da cabana de Rama e depois correr para a floresta. Quando Rama fosse caçá-lo, Maricha deveria imitar a voz de Rama para atrair Lakshmana. Enquanto Rama e Lakshmana estivessem ocupados, Ravana seqüestraria Sita.
Desse modo, acompanhado de Maricha, Ravana viajou até Panchavati, onde estavam os três exilados (Rama, Sita e Lakshmana). Maricha apareceu perto do Ashram como um antílope dourado. Ao ver o lindo antílope, Sita pediu a Rama que o capturasse para que ela cuidasse dele como um animal de estimação. Rama concordou em fazê-lo, mas Lakshmana observou: “este é um antílope muito belo e perfeito. Nunca vi um igual. Irmão, é preciso que tomes muito cuidado”. Rama foi caçá-lo, mas ordenou a Lakshmana que ficasse a fim de proteger Sita. Ravana que se escondera atrás de uma árvore observava tudo e viu quando Rama se afastou.
Quando Rama ficou bem próximo do antílope, este se transformou no Rakshasa Maricha e, antes que Rama pudesse fazer qualquer coisa, ele gritou chamando por Lakshmana, imitando a voz de Rama. Ao ouvir esse pedido de socorro, Sita exigiu que Lakshmana atendesse ao apelo. Este resistiu em sair do lado de Sita, primeiramente, por causa da ordem de Rama e, em segundo lugar, porque ele desconfiava que o antílope representava alguma armadilha para Rama. Sita, no entanto, implorou a Lakshmana que fosse até Rama. Ele então disse: “está bem. Antes, porém, vou desenhar um círculo de proteção em torno da cabana e não deves sair de dentro dela, em hipótese alguma”.
Quando Lakshmana partiu, Ravana, disfarçado de Sanyasi, surgiu à porta de Sita com uma tigela de mendicante. Sita ofereceu-lhe frutas, mas devido ao círculo mágico, Ravana não podia alcançá-la. Então, o esperto Rakshasa disse à Sita: “sou um Sanyasi e por isso não posso entrar em vossa casa. A fim de aceitar a vossa oferenda é preciso que a entregueis a mim, aqui fora”. Sita hesitou, mas para ajudar o falso “pobre homem”, ela saiu do círculo mágico de proteção. Imediatamente, Ravana assumiu a sua verdadeira forma e seqüestrou-a, levando-a, em sua carruagem voadora, para o seu reino de Lanka (antigo Ceilão, atual Sri Lanka).
Sita gritou para que Jatayu a socorresse, mas ao fazê-lo, Jatayu foi mortalmente ferido por Ravana. No entanto, Jatayu prometeu à Sita que diria a Rama o que acontecera. Ao voar sobre o topo de uma montanha, Sita viu alguns Vanaras (homens-macacos, espécie à qual Hanumana pertencia) e gritou para eles: “por favor, digam a meu marido Rama que fui seqüestrada pelo malvado rei Ravana”. A fim de deixar pistas sobre a trajetória da carruagem, Sita foi deixando cair pelo caminho as suas jóias.
RAMA NO REINO DE KISKINDHA
Dando-se conta de que haviam sido enganados e furiosos por não terem encontrado Sita quando retornaram, os irmãos procuraram, em vão, por alguma pista de seu desaparecimento. Por isso, começaram a viajar à procura de Sita e, finalmente, foram até as florestas do sul da Índia. Ali, encontraram, primeiramente, o grande pássaro Jatayu, que havia sido mortalmente ferido em sua tentativa de resgatar Sita das garras de Ravana. Jatayu só foi capaz de dizer que Sita havia sido levada por Ravana e morreu. Depois de terem celebrado os ritos sagrados pela morte de Jatayu, Rama e Lakshmana continuaram a sua busca por Sita e chegaram no reino de Kiskindha, onde viviam os Vanaras. Lá foram recebidos por Hanumana, ministro-general de Sugriva, rei dos Vanaras. Hanumana levou-os até a presença de seu rei. Sugriva mostrou aos príncipes as jóias de Sita. Imediatamente, Rama reconheceu como de sua amada esposa aquelas jóias. Todavia, Lakshmana só reconheceu a tornozeleira, pois como disse: “respeito tanto Sita que nunca a mirei diretamente, mas apenas os seus pés”.
Sugriva disse que colocaria o seu exército de Vanaras, sob as ordens de Rama, a fim de ajudar a resgatar Sita. Depois contou a Rama que seu irmão Bali o havia expulsado de seu próprio reino e que mantinha sua esposa como prisioneira.
Em seguida, Rama e Lakshmana selaram um pacto com o rei dos macacos, Sugriva, e seu general, Hanumana. Em retribuição à ajuda dada por Sugriva, Rama auxiliou-o a recuperar o seu trono que havia sido usurpado por seu irmão maligno, Bali, o qual foi morto por Rama com uma flecha nas costas.
Angad (sobrinho de Sugriva), Hanumana e muitos Vanaras esquadrinharam toda a montanha, a fim de descobrir a pista de Ravana sem qualquer sucesso. Estavam lamentando isso dizendo que teriam o mesmo destino de Jatayu, quando foram ouvidos pela águia Sampati (irmão de Jatayu e de Garuda). Sampati então forneceu-lhes a preciosa informação de que Ravana havia levado Sita para Lanka.
Em Lanka, Sita foi aprisionada num jardim, pois se recusou a ficar em palácio com as outras mulheres de Ravana. Ravana estava realmente apaixonado por ela. Ele não a tocara e acreditava que poderia conquistá-la com seu amor. Ravana disse à Sita: “não posso afastar meus olhos de vossa face bela e mais brilhante que a Lua cheia. Perto de vós, meus olhos ficam imóveis e fixos, como que hipnotizados pela vossa beleza. Como uma mulher tão bela, pode sofrer e ter tanta tristeza no olhar? Aceitai-me e com isso tereis todas as alegrias e prazeres do mundo. Conquistarei o mundo para vós. Farei de vós a minha esposa e a maior de todas as rainhas. Lanka, eu próprio, a Terra e todo o Universo serão vossos. Como Rakshasa, posso possuir uma mulher pela força e, se eu quisesse, poderia transformar-vos em minha esposa. Mas diante de vós, oh Deusa, sou um mendigo que implora o vosso amor. Não tenhais medo. Jamais tocarei em vós, a não ser que me aceiteis. Quero que aceiteis a minha afeição e tudo que isso significa”.
Chocada com essa declaração de amor, Sita respondeu: “suas palavras são pecaminosas. Jamais poderei fazer o que me pede. Entre as mulheres do meu clã, nenhuma pensaria em abandonar seu marido em troca de tais coisas. Assim, como o brilho do Sol pertence, inseparavelmente, ao Sol, assim também eu pertenço a Rama”. Ao ouvir essa resposta taxativa, Ravana replicou: “sei esperar”.
Sabendo a direção tomada por Ravana, o exército de macacos, Rama e Lakshmana partiram para Lanka. Ao chegarem na orla do oceano, ao sul da Índia, eles se deram conta de que apenas Hanumana (que é de fato o filho do Deus do vento) teria a habilidade de saltar até Lanka. Antes que Hanumana partisse, Rama deu-lhe um anel para que ele mostrasse a Sita, para que ela o reconhecesse como seu mensageiro.
HANUMANA VOOU ATÉ LANKA
As Divindades estavam observando a dedicação de Hanumana e resolveram testá-lo, a fim de verificar até onde iría essa dedicação. Para isso, enviaram a serpente Surasa (mãe de todas as serpentes) para que obstruísse o caminho de Hanumana. Ela fez isso e disse a Hanumana: “vou devorar-te”. Hanumana implorou-lhe que ela fizesse isso num outro dia, porque ele tinha de cumprir uma missão muito importante do Senhor Rama: “estou indo para Lanka descobrir onde está Sita, a amada esposa do Senhor Rama”. Surasa respondeu-lhe: “vou devorar-te hoje. Aquele que entra em minha boca, dela não sai vivo”. Hanumana então lhe disse que ela teria de ter uma boca enorme e, de imediato, começou a aumentar o seu próprio tamanho. Quanto mais Hanumana crescia, mais Surasa aumentava o tamanho de sua boca. De repente, Hanumana tornou-se diminuto, entrou na boca de Surasa e antes que ela pudesse fechar a sua boca, ele saiu ileso dela. Surasa então disse-lhe: “vá em paz e executa a tua missão. Serás bem-sucedido”.
Em Lanka, Hanumana descobriu Sita presa no jardim Ashoka do palácio de Ravana. Sita vinha resistindo, ao longo do tempo, às solicitações de Ravana para que ela se tornasse sua esposa. Então, Hanumana entregou à Sita um anel de Rama, a fim de demonstrar a ela que o seu resgate iria ser feito em breve.
Os soldados do demônio Ravana descobriram Hanumana e levaram-no à presença do rei. Como punição para o seu crime de espionagem, eles puseram fogo em seu cauda. Todavia, Hanumana era muito mais esperto do que eles. Tornou-se pequeno, soltou-se de seus grilhões, voltou a crescer e com sua cauda em chamas, ele ateou fogo na cidade inteira.
A GRANDE GUERRA
1. VIBISHANA: UM ALIADO
Depois do imenso incêndio seguido de muita confusão em Lanka, Hanumana voltou para o lugar em que Rama estava. Em Lanka, Ravana reuniu o seu Conselho de Ministros, a fim de discutir o que deveriam fazer. Desse Conselho, faziam parte dois irmãos de Ravana: Kumbhakaran e Vibishana. Ambos eram a favor de que Ravana devolvesse Sita a Rama e com isso a guerra poderia ser evitada. No entanto, Kumbhakaran disse a Ravana que se ele decidisse pela guerra, ele ficaria ao seu lado. Kumbhakaran era um valoroso guerreiro com força e habilidade de dez elefantes. Ele adorava seu irmão e faria o que ele quisesse. Em outras palavras, ele apoiaria em quaisquer circunstâncias o seu amado irmão Ravana.
Já, Vibishana tentou demover Ravana, pedindo-lhe que libertasse Sita. Disse-lhe que ele estava errado em continuar aprisionando Sita, pois essa atitude de seu irmão-rei forçaria Rama a declarar guerra a Lanka e provavelmente matá-lo. Com isso, o rei dos Rakshasas seria responsável pela destruição de Lanka e de seu povo. Ravana ficou irritado com as palavras de Vibishana e disse que jamais libertaria Sita e que Rama não lhe metia medo, pois ele se considerava o mais poderoso de todos os guerreiros. A declaração de Ravana foi aplaudida pelos demais ministros, mas não convenceu Vibishana, o qual continuou a argumentar: “desista de Sita. Sabe-se que Rama é uma encarnação de Vishnu que veio à Terra a fim de punir os maus. O Poder Divino está do lado dele. O seqüestro de Sita é a causa de todos os nossos problemas. Ainda há tempo de salvar Lanka e nosso povo. Se você entregar Sita a Rama, ele nos perdoará”. As palavras de Vibishana irritaram ainda mais Ravana, o qual, possuído por um ódio terrível, desferiu um golpe tão forte contra Vibishana que este desmaiou.
Ao recobrar a consciência, Vibishana decidiu que não poderia mais ficar em Lanka e deveria unir-se a Rama. Junto com ele foram quatro ministros de Ravana à procura de Rama. Eles voaram atravessando o oceano e chegaram até onde estava o exército de Vanaras. Vibishana foi levado por Hanumana à presença de Rama que lhe perguntou se ele era um emissário de Ravana. Vibishana replicou: “vim aqui para servir-vos. Sou irmão de Ravana, mas, como não concordo com o que ele fez, fui obrigado a abandoná-lo. Agora preciso de vossa proteção”. Rama então respondeu: “se alguém pede a minha proteção, não posso recusá-la, pois esse é o meu Dharma. Tu rejeitaste o mal a fim de abraçar o bem, sê bem-vindo”.
A hora da batalha estava se aproximando e havia o problema de como o exército de Vanaras poderia cruzar o oceano. Rama foi até a praia e se dirigiu à Divindade do oceano: “sou Rama e vos peço que me mostreis como alcançar Lanka”. A divindade do oceano respondeu-lhe: “Nala que está convosco poderá construir uma ponte para atravessar essa grande água. Eu darei apoio à essa ponte”. Assim, uma ponte, ligando o extremo sul da Índia à Lanka, pôde ser feita, tendo Nala como construtor. Hanumana voltou para a companhia de seus parceiros e supervisionou a construção dessa ponte para o subcontinente de Lanka, a fim de possibilitar a passagem do exército. Enquanto isso, Ravana observava tudo de sua fortaleza.
2. AS PRIMEIRAS BATALHAS
Tendo à frente Rama, o exército dos Vanaras cruzou a ponte, ao cair da noite, e chegou à Lanka, aos gritos de ‘Vitória a Rama’ – Jay Shri Rama !
Ravana chamou dois Rakshasas e ordenou que eles se transformassem em macacos e se infiltrassem no exército de Rama, a fim de obter o máximo possível de informações. Os dois demônios entraram no acampamento dos Vanaras, mas foram reconhecidos por Vibishana, irmão de Ravana. Levados a Rama, este decidiu não os punir e mandou-os de volta, com uma mensagem para Ravana de que ele salvaria Sita e, em seguida, o mataria.
A guerra começou logo e consistiu de muitas estratégias e conspirações secretas, bem como de muitas lutas. Os aliados, especialmente Rama, mataram muitos demônios. A primeira batalha foi ganha com a colaboração especial de Vibishana, pois ele instruiu os Vanaras que usassem grandes espelhos quando os Rakshasas tentassem incendiar o exército de Rama. Assim eles fizeram e os Rakshasas incendiaram a eles mesmos. Ao ouvir os gritos de vitória ao Senhor Rama, Ravana começou a ficar preocupado. Sita se alegrou, rezou e agradeceu a Deus a proteção ao seu amado Rama.
Entrementes, Ravana estava ainda tentando convencer Sita a se tornar sua esposa e, para isso, através de magia, fez com que ela tivesse uma visão da cabeça degolada de Rama. Essa seria a prova de que ela nunca seria resgatada por seu marido. No entanto, Sita não acreditou nisso.
Rama e Lakshmana foram vítimas de um ataque súbito das flechas-serpentes disparadas pelo filho de Ravana, que se chamava Indrajit e que possuía o poder de ficar invisível. Esse nome lhe havia sido dado porque havia recebido do Deus Indra, de presente, um Brahmastra, uma arma Divina. Escondendo-se nas nuvens, Indrajit disparou suas flechas-serpentes matando vários Vanaras e atingindo mortalmente Rama e Lakshmana. Achando que os dois haviam morrido, Indrajit voltou para Lanka e anunciou a seu pai a sua grande vitória. Ravana abraçou seu filho cheio de alegria. No entanto, ouviu do exército dos Vanaras gritos de vitória a Rama. O que ocorrera foi que a águia Garuda veio em socorro dos dois irmãos e as serpentes malévolas fugiram apavoradas com a simples presença da águia.
Ravana estava cada vez mais preocupado, mas ainda assim, não pensava em desistir de Sita. Chamou então seu irmão Kumbhakaran e ordenou-lhe que, com seu exército, destruísse Rama e seus seguidores. Kumbhakaran, ao ver que Rama era tão pequeno comparado com ele, achou que, como era detentor de muitos poderes, sua tarefa não seria difícil. No entanto, Rama usou, com muita competência, suas flechas e com uma delas matou Kumbhakaran.
3. A CAMINHO DA CONFRONTAÇÃO FINAL
Ravana chamou, novamente, seu filho Indrajit e disse-lhe: “meu amado filho, apenas você pode salvar a minha honra, nosso povo e nossa cidade. Vá e extermina aquele exército de macacos”. Indrajit respondeu-lhe: “farei isso. Não tenha receio, meu pai, acabarei com todo o exército e com aqueles dois príncipes também”. Indrajit se armou com seu Brahmastra e seguiu para o campo de batalha. Atirou com sua arma poderosa e feriu mortalmente Rama e Lakshmana. Os dois príncipes caíram num torpor total. Indrajit continuou a atirar flechas para todos os lados e eliminou, dessa forma, quase todo o exército de Vanaras.
Jambavan, um dos líderes dos Vanaras, chamou Hanumana e pediu-lhe que voasse até o Himalaia, no pico do monte Kailash, e lá buscasse quatro ervas medicinais. Essas ervas devem ser colhidas antes do nascer do Sol, pois assim o exército dos Vanaras estará salvo. Apenas com essas ervas, seria possível salvar Rama e Lakshmana e muitos dos Vanaras. Hanumana aumentou enormemente o seu tamanho e, tão célere quanto o vento, chegou ao Himalaia. Como não sabia quais seriam as ervas apropriadas, decidiu com rapidez que deveria levar o próprio monte até o acampamento dos Vanaras. Tão logo os príncipes e os Vanaras sentiram a fragrância das ervas, recobraram a consciência e a vontade de lutar. Lakshmana foi então enfrentar Indrajit e este ficou confuso, pois não conseguiu entender como Lakshmana ainda estava vivo. Aproveitando-se disso, Lakshmana lançou quatro flechas, uma para cada cavalo da carruagem de Indrajit, fazendo com que esta ficasse desgovernada. Com outra flechada, Lakshmana arrancou a cabeça de Indrajit. Novamente, Ravana ouviu os gritos de vitória a Rama. Mais uma vez, Sita rezou e agradeceu pela vida de Rama.
Após inúmeras lutas ininterruptas, Rama sentiu-se exaurido. Ao dizer isso a um dos sábios, este o aconselhou a pedir ajuda ao Sol (Surya): “é o coração do Sol que te trará a vitória e a auspiciosidade a fim de derrotar Ravana. Deves adorar o Sol, pois ele é aquele que protege todos os seres”. Rama ajoelhou-se, rezou olhando para o Sol e sentiu que as suas forças retornaram. Seu coração encheu-se de alegria e entusiasmo. Munido de suas armas mais poderosas e sagradas, ele partiu para a luta, a qual ele pressentia que seria a última.
A confrontação final entre Rama e Ravana ocorreu num campo de batalha, literalmente, coberto por corpos mutilados e armas quebradas. Rama e Ravana ficaram frente a frente. Ambos eram guerreiros habilidosos e portavam armas Divinas. Assim, a batalha entre eles foi algo sem igual. Ravana era como uma tempestade furiosa, enquanto que Rama lutava com autocontrole e sangue frio. Ele cortava uma das cabeças de Ravana, mas outra aparecia em seu lugar. Finalmente, Rama utilizou sua Brahmastra, isto é, sua arma Divina, e com ela acertou o peito de Ravana, que caiu morto. O malvado rei foi, finalmente, vencido por Rama. Assim o dom que lhe havia sido concedido pelo Deus Brahma (ou seja, de que ele – Ravana - não seria morto nem por um Deus e nem por um super-homem) pôde ser superado. Isso porque quem atuou havia sido Rama, um simples ser humano, através de Vishnu que tomou aquela forma. Vibishana chorou muito pela morte de seu irmão. Rama consolou-o e recomendou-lhe que preparasse os ritos fúnebres para Ravana, pois este contava apenas com ele para fazer isso. Rama aspergiu água sagrada na cabeça de Vibishana e proclamou-o o novo rei de Lanka.
O RETORNO TRIUNFAL À AYODHYA
Sita foi levada de volta ao seu marido. Rama lhe disse: “eu te tenho de volta. Enfrentei uma guerra com sucesso, revidei o insulto e as ofensas infligidas a ti. Matei meu inimigo, restabeleci meu auto-respeito e como um verdadeiro príncipe Kshatriya, a honra de minha nobre família. Entretanto, tu viveste muito tempo, na casa de um outro homem. Por isso, acho que não posso aceitar-te de volta. És livre para ir embora se quiseres”.
As lágrimas desceram pela face de Sita. Teria seu marido dito realmente essas palavras para ela? Sita respondeu: “oh, meu senhor, não posso crer que me tenhas dito essas coisas. Então, não conheces a ilustre família da qual eu vim? Não sabes que vivi apenas para ti e que tenho sido fiel a ti em pensamentos, palavras e ações? Oh, meu irmão Lakshmana, não posso viver com esse estigma. Por favor, prepara uma fogueira para mim. Entrarei nela e os Deuses serão minhas testemunhas. Se eu for inocente e pura não serei tocada pelas chamas”.
Muito infeliz, Lakshmana arranjou a madeira para a fogueira na qual Sita entraria. Em seguida, Sita entrou na fogueira e as chamas se elevaram tão alto que apenas o fogo podia ser visto. Subitamente, as chamas se extinguiram e as pessoas puderam ver Sita saindo da mesma forma como ela havia entrado. Nem um fio de seu cabelo e nem um fiapo de sua roupa haviam sido queimados pelo fogo.
Ao ver isso, Rama exclamou: “oh, Deusa e ilustre princesa. Percebi com meu coração que tu eras pura e casta. No entanto, sabia também que na mente das pessoas poderiam ocorrer suspeitas e dúvidas a respeito de tua castidade. Provaste a todos que és pura e casta. Ninguém se iguala a ti em graça e bondade. Vem comigo”.
Após o resgate, o casal de heróis voltou a Ayodhya, na carruagem Pushpaka. Chegando ao reino, o casal foi recebido com muita alegria por Bharata e por todo o seu povo. Deu-se, então, a magnífica coroação de Rama e de Sita.
O DESTERRO DE SITA
O povo de Ayodhya passou a duvidar da fidelidade de Sita, dado que esta esteve, mais de um ano, prisioneira em Lanka. Um dos conselheiros de Rama falou-lhe, abertamente, sobre o assunto, dizendo-lhe que os súditos haviam perdido a fé em Sita.
Com o coração tomado pela tristeza, Rama chamou Lakshmana e lhe disse: “tenho tentado encontrar um modo de solucionar esse problema, porque não posso governar Ayodhya, se os súditos não respeitam a minha rainha. Resolvi, portanto, com muita dor que, amanhã, Sita será conduzida, novamente, à floresta por ti acompanhado de Sumantra”. Com muito dó de Sita, Lakshmana comentou: “a lei do Dharma é difícil de ser conhecida e, algumas vezes, é ainda mais difícil de ser praticada. Esta decisão pode conter um erro. Não há qualquer possibilidade de que Sita tenha praticado qualquer ato de desobediência ou feito aquilo de que o povo suspeita. Sinto isso em meu coração”. Rama replicou: “meu coração também atesta a mesma coisa, mas o meu Dharma em relação aos meus súditos obrigou-me a tomar essa decisão”.
Lakshmana, ao cumprir a ordem de Rama, disse à Sita: “meu irmão, teu marido, há muito tempo, tomou conhecimento de que o povo de Ayodhya acreditava que tu tinhas sido infiel. Assim, para evitar qualquer infortúnio, nosso rei pediu-me que a levasse de volta para a floresta”. Sumantra acrescentou: “não tentes raciocinar sobre isso, porque essa decisão está além do entendimento humano. A partir de hoje, Rama deverá viver sozinho. Todo o universo emite sinais que devem ser lidos corretamente. A guerra e a paz, o amor e a separação são umbrais secretos que devem ser ultrapassados para que outros planos sejam alcançados. Não devemos pensar que a VERDADE é o que a maioria das pessoas vêem ou dizem perceber”.
Ao ouvir essas sábias palavras, Sita sorriu e disse a Sumantra que ele havia enchido o seu coração com novas esperanças. Despediu-se dos dois, vendo-os se afastarem dela. Em seguida, encaminhou-se para o rio e nele ia entrando, quando ouviu uma voz que lhe pedia que não entrasse no rio. Sita perguntou: “quem és tu?” A resposta foi: “sou Valmiki, poeta e ermitão, e vivo nesta floresta. Faze de minha casa a tua casa”. Sita ficou em sua casa e lá deu à luz os filhos gêmeos de Rama, que se chamaram Lav e Kush.
Durante doze anos, Sita e seus filhos gêmeos viveram na casa de Valmiki. Durante esse período, Valmiki escreveu o poema épico Ramayana e o ensinou aos gêmeos, os quais o aprenderam de cor.
Em Ayodhya, Rama promoveu um festival de música, canto e de narração de histórias. Os gêmeos se apresentaram e quando Rama os ouviu recitar o Ramayana, ele os reconheceu como sendo os seus filhos com Sita. Rama, então, enviou uma mensagem à Sita, para que ela retornasse à Ayodhya.
Vestida com um sári escarlate bordado de ouro, Sita retornou à Ayodhya. Ao se encontrar com Rama, no meio do festival em que seus filhos foram reconhecidos pelo pai, Sita pediu-lhe: “quero provar a minha inocência diante de ti e de todos os súditos do reino”. Rama replicou: “podes contar com a minha permissão para provar isso”.
Sita, em seguida, deu um passo para trás e disse: “oh, minha Mãe Terra, se eu sempre fui fiel ao meu marido, levai-me convosco”. A Mãe Terra deu uma resposta que não permitiria a menor dúvida quanto à fidelidade de Sita, através da emissão de um som ensurdecedor. Aos pés de Sita, o solo moveu-se e com um grande ruído o chão se abriu e tragou Sita. A Mãe Terra tremeu, novamente, e se fechou no local onde estava a eternamente Dhármica Rainha Sita.
Rama governou por muitos anos, sempre de forma absolutamente Dhármica e, por isso, é amado em toda a Índia. Ainda na atualidade, é comemorado o seu aniversário, Shri Rama Navami, em Chaitra (mês que começa na segunda metade abril e termina na primeira metade do mês de maio. Navami é o nono dia da metade de Chaitra).
Até hoje, Shri Rama é considerado como a corporificação do auto-sacrifício e do rei dedicado. O reinado de Rama (Ram Rajya) foi tido como uma era ideal e, agora, é considerado como uma meta a ser alcançada pela humanidade.