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8 de maio de 2011

Sócrates


Sócrates era filho de um escultor e de uma parteira, tendo recebido uma educação em literatura, música e ginástica.

A vida do filósofo grego Sócrates marcou um ponto crítico no pensamento ocidental, pois a filosofia grega é dividida, por causa dele, em dois períodos: pré-socrático e pós-socrático. Sócrates não deixou nada escrito por ele mesmo e tudo que dele sabemos nos foi transmitido por Platão e Xenofonte. Ainda jovem, Sócrates ficou muito impressionado com as novas idéias científicas de Anaxágoras. O jovem Sócrates também conheceu os sofistas e ouviu os seus debates.

Assim, ele tinha um grande conhecimento da retórica e dialética dos sofistas, bem como das especulações dos filósofos jônicos e da cultura geral de Atenas do período de Péricles. Ele seguiu a carreira de escultor de seu pai, por pouco tempo, porque depois veio a dedicar-se ao ensino.

A ciência daquela época (atomismo) e os sofistas estavam mais preocupados com a física e a cosmologia. Ao invés disso, a maior preocupação de Sócrates era com o significado do Si. Ainda que constasse no pórtico do Templo de Apolo, em Delfos, o lema “conhece-te a ti mesmo”, isso era difícil de ser levado a cabo, e esse se tornou a grande busca de Sócrates.


Os pontos de vista científicos daquela época definiam o Si (Self) como um órgão físico que reagia aos estímulos ambientais e constantemente preocupado com o prazer, o prestígio e o poder.

A instauração do processo contra Sócrates baseou-se na acusação de que ele era um malfeitor, uma pessoa por demais curiosa, que vivia querendo saber acerca das coisas subterrâneas e aquelas que estavam além do céu e que ensinava tudo isso aos jovens. Ademais, negava o poder dos deuses adorados pelo Estado, introduzindo um novo deus. Mas, na verdade, o motivo fundamental que fez com que ele fosse acusado, julgado e condenado foi que ele incomodava muito os políticos poderosos, ao questionar, constantemente, a competência dos políticos que governavam Atenas. Mesmo porque, após a derrota de Atenas na guerra do Peloponeso (contra Esparta), os líderes políticos atenienses não queriam que o povo fosse despertado e achavam que um patriotismo fanático e cego era a melhor coisa para os jovens de Atenas, naquela época.

Assim sendo, ele foi declarado culpado pela corte ateniense, mas de acordo com a lei ele poderia requerer uma pena menor do que a pena de morte. Ele propôs então a pena de trinta minas, que era uma quantia tão irrisória que redundaria num castigo muito pequeno e isso foi rejeitado, com indignação, pelo tribunal que o condenou à morte. Dado que ele conhecia profundamente os tribunais atenienses, pode-se supor que ele previa esse resultado, pois não desejava a pena de morte, mediante concessões que sugerissem que ele reconhecia a sua culpa. Ele teve a palavra para fazer a sua própria defesa e disse: “a única eloqüência de que sou capaz é a Verdade. Portanto, perdoem-me se não sou capaz de formular frases belas. Tenho mais de setenta anos e nunca fui submetido antes à uma corte de justiça”.
A Morte de Sócrates, por Jacques-Louis David, 1787

O oráculo de Delfos, quando consultado sobre quem era o homem mais sábio do mundo, respondeu que era Sócrates. Sócrates declarou que ficou intrigado com essa resposta, pois sabia que nada sabia e um Deus não pode mentir. Finalmente, Sócrates concluiu que somente Deus é sábio. A resposta do oráculo destinava-se a mostrar que a sabedoria dos homens vale pouco ou nada e quando falou que Sócrates era o mais sábio, o oráculo usou apenas seu nome como ilustração. O que o oráculo realmente quis dizer foi que AQUELE QUE, COMO SÓCRATES, SABE QUE A SUA SABEDORIA NADA VALE É UMA PESSOA SÁBIA.

Sócrates dedicou-se à tarefa de educar os outros, o que o deixou na mais extrema pobreza, pois nada cobrava por conta disso. Ele concebeu uma metodologia para a descoberta da verdade que foi denominada de maiêutica, que é um “processo dialético e pedagógico socrático, em que se multiplicam as perguntas a fim de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito geral do objeto em questão”. Por incrível que pareça, a maiêutica tem como sinônimos a obstetrícia e o parto.

A contribuição de Sócrates à filosofia foi essencialmente de caráter ético. Acreditava na compreensão objetiva dos conceitos de Justiça, Amor, Virtude e na necessidade do autoconhecimento que era a base de seus ensinamentos. Supunha que o vício era resultado da ignorância e a virtude era conseqüência do conhecimento. Aquele que conhecia o que era certo deveria agir corretamente.

Sócrates acreditava na superioridade dos argumentos sobre a escrita e gastou a maior parte de sua vida na praça pública ateniense, dialogando e argumentando com as pessoas que iam lá ouvi-lo e submetia-as sempre à uma série de perguntas.

Em relação à acusação de que corrompia a juventude com seus ensinamentos, Sócrates fez com que a corte afirmasse que o aperfeiçoamento dos jovens era feito pelos juízes e por todos os atenienses, exceto por ele, Sócrates. Ele então declarou que se ele corrompia os seus concidadãos, ele não fazia isso intencionalmente e que, ao invés de acusá-lo, o tribunal deveria instruí-lo.

Sócrates achava que Deus lhe havia dado a missão do filósofo, da busca da Verdade nele mesmo e nos outros e que seria vergonhoso desertar o seu posto, como um soldado que abandonasse o campo de batalha. Ele achava que o medo da morte não era sabedoria. Se para ter a vida ele fosse obrigado a deixar de especular, ele preferia abandoná-la. Sócrates reafirmou que obedeceria sempre a Deus e, enquanto tivesse vida e força, iria praticar e ensinar a filosofia, pois sabia que essa era a ordem de Deus. Dizia que a melhor coisa de sua vida era o seu SERVIÇO A DEUS.

Sócrates terminou a sua defesa afirmando que não seria matando uma pessoa que o tribunal iria evitar que os membros do tribunal fossem censurados pelas suas más ações, pois o modo mais fácil e nobre é elevar-se, ao invés de condenar alguém à morte.

Ele afirmava que era guiado por uma voz interior (daimon). Ademais, Sócrates alcançou um controle total de seu corpo físico pela alma. Assim é que, ele andava descalço e mal vestido, pois não dava valor aos confortos da civilização. Sua indiferença diante da morte é a prova final do domínio que sua alma tinha sobre seu corpo.

Os amigos de Sócrates planejaram fazê-lo escapar da prisão, mas ele preferiu submeter-se à lei e morrer defendendo a sua causa. Seus últimos dias, ele passou com os amigos e na sua última noite bebeu calmamente o copo com cicuta, que era a pena dada pelo tribunal.

Sócrates guiou seus discípulos para a Verdade por considerar as idéias em seus vários aspectos, até que a resposta correta fosse encontrada. Ele apresentou (através de seu discípulo Platão) a Teoria das Formas – ‘em cima, como embaixo’. O invisível Reino das Formas é o Divino e os extratos celestiais do Virata, que contém a matriz para todas as réplicas terrestres. Tudo aquilo que existe no plano da existência terrestre é meramente um reflexo imperfeito, que está sujeito às mudanças e à imperfeição humana, enquanto que aquilo que existe no Absoluto é Divino, perfeito, eterno e imutável. A alma tem a sua origem no Reino das Formas, sendo que através da busca e aspiração, retorna finalmente para ele. Esse é o ponto em nossa evolução espiritual cuja conquista estamos perseguindo na Sahaja Yoga, eis que através da purificação de nossas vibrações ingressamos no Reino de Deus.

“Aquele que entrar no próximo mundo sem nenhuma iniciação e sem nenhuma iluminação chafurdará na lama, mas aquele que chegar lá purificado e iluminado morará com os deuses”.
Um grande filósofo do século 20 afirmou que Sócrates descobriu e viveu a definição da natureza humana, vale dizer, “o homem é um ser cuja natureza consiste em indagar qual é a sua verdadeira natureza”.



Fonte : Apostila do Void da Sahaja Yoga