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11 de maio de 2011

Zoroastro

O traço principal da personalidade de Zoroastro é a afirmação enfática de que existe um só Deus. Apesar de se dar conta do mal que existe na Terra e entre os seres humanos, Zoroastro assevera que tudo quanto existe é obra de um Deus bom, disposto a alegrar-se com as boas coisas, com os verdes vales, com os rios fecundos, com o prazer de viver no trabalho, com fidelidade e verdade.

A realização espiritual de Zoroastro começou com a sua comunicação com a natureza. Ele via a sabedoria subjacente em todas as criaturas nos momentos em que adorava a sublimidade da natureza. Ele aprendeu e reconheceu o Ser do Criador, constatando a Sua sabedoria perfeita, e, por isso, devotou toda a sua vida a glorificar o nome de Deus. Mostrou a seus seguidores que Deus não era um objeto imaginário, ainda que externamente Ele seja moldado pela imaginação do homem. Deus é o Ser: um Ser perfeito, que está além de qualquer comparação, que é chamado de Ahura Mazda (Ahura = indestrutível e Mazda = Deus Supremo).

Ainda muito jovem, vagou pelo deserto, onde meditou sobre esse Deus único. Com a idade de 30 anos, em conseqüência de um êxtase místico acreditou ter como missão estabelecer uma reforma social e religiosa na Pérsia (hoje Irã). A partir dessa idade começa então a pregar a sua mensagem.


A fim de afirmar o seu Deus único, ele luta sem descanso contra os antigos deuses, cujos sacerdotes ávidos por dinheiro exploravam o povo na realização dos sacrifícios divinos.

Ahura Mazda (Deus único) é o único criador de todas as coisas, o autor das trevas e da luz, o onisciente que penetra nos segredos dos homens, vê os acontecimentos futuros.

As suas interações com Deus e suas dificuldades em sua pregação estão registradas nas Gathas, parte da escritura sagrada conhecida como Avesta. Depois de muitos anos de luta com os sacerdotes dos cultos tradicionais, Zoroastro encontrou o apoio do Rei Vishtaspa e com isso ocorreu a disseminação de suas idéias. A terra natal de Zoroastro situava-se nas montanhas e sua família dedicava-se à criação de gado, o qual, como na Índia, era considerado sagrado.
A melhor forma de adorar Deus devia dar-se homenageando-se a natureza. Por isso, os adeptos de Zoroastro adoram os cursos de água, como rios e riachos, e outras manifestações da natureza, dado que tudo isso transmite ao devoto a certeza de que Deus está imanente em todas as coisas.

Os adeptos de Zoroastro são chamados de ‘adoradores do fogo’, porque eles mantêm constantemente um fogo aceso no lugar de adoração. A sua veneração a Deus é feita diante do fogo, porque o fogo purifica todas as coisas e a luz interior purifica todas as almas. O fogo representa o Sol, dado que a sua chama fornece a luz e esta desperta a mente para a luz interior do devoto. Ademais, o grande símbolo do zoroastrismo é uma         tocha acesa.

Todas as invocações contidas nas escrituras sagradas eram no sentido de invocar a LUZ INTERIOR para guiar os devotos e mostrar-lhes as evidências que a natureza apresentava a eles de que Deus dá origem a tudo e tudo governa.
Zoroastro,  com a sua reforma religiosa, exclui não só os demônios, mas também as divindades antigas consideradas boas. Rejeita os sacrifícios de animais, desdenha o Ahoma (bebida sagrada, como o Soma védico) mágico e a única coisa que pede aos fiéis é que adorem, em Espírito e em Verdade, esse Deus único, o que é demonstrado através de uma conduta correta. Esse Deus não tem uma representação material (como no islamismo).

Teria Zoroastro preconizado algum tipo de dualismo representado pela luta entre bem e o mal? Tudo indica que não, já que nas mais antigas versões do Zend Avesta, o dualismo tem um sentido apenas moral e não metafísico. A concepção dualista foi introduzida pelos sucessores de Zoroastro.

Zoroastro utiliza a energia humana da consciência do mal a fim de dar ao homem um método para lutar e vencer esse mal. Procura despertar em seus discípulos o sentimento de que a existência é uma luta moral contínua na qual o homem pode e deve escolher a Verdade, a Justiça e a vida correta.

Fazem parte da doutrina de Zoroastro (ou Zaratustra) idéias acerca do bem e do mal, Céu e Inferno, anjos e demônios. Tudo era harmonioso no Universo, até que o anjo Ahriman rebelou-se e foi expulso do Céu. Logo, a luta entre o bem e o mal continuará até o dia do Juízo Final. A partir daí, o mundo será renovado e o mal será rechaçado. As almas puras obterão a realização do Reino dos Céus.

Os pressupostos básicos contidos nas Gathas consistiam na adoração monoteísta de Ahura Mazda e um dualismo (apenas ético e não metafisicamente ontológico ) que colocava como opostos a Verdade (Asha) e a Mentira, as quais permeiam todo o universo. Tudo aquilo que é bom deriva das emanações de Ahura Mazda (ou por ele é sustentado), ou seja, por Spenta Mainyu (o ‘Espírito Santo’ que é uma força criativa) e as 6 entidades que o assistem, vale dizer, a Boa Mente, a Verdade, o Poder, a Devoção, a Saúde e a Vida. Todo o mal é causado pelo ‘irmão gêmeo’ de Spenta Mainyu, que é Angra Mainyu  (o ‘Espírito Maléfico’, chamado de Ahriman em persa) e por seus assistentes. Angra Mainyu optou pelo mal, dado que se aliou à Mentira, enquanto que Spenta Mainyu escolheu a Verdade.

Semelhantemente, os seres humanos também podem escolher, através de seu livre-arbítrio, a Verdade ou a Mentira. Após a morte, a alma da pessoa é submetida a um julgamento na Ponte do Discernimento. Os seguidores da Verdade cruzarão essa Ponte e irão para o Paraíso, enquanto que os adeptos da Mentira cairão no Inferno. Todo o mal será eliminado finalmente da Terra numa prova de fogo e de metal fundido.

Provavelmente, o primeiro rei persa a reconhecer a religião preconizada por Zoroastro foi Dario I. As suas inscrições estão cheias de louvores a Ahura Mazda; ele enfatiza a racionalidade e parece considerar a Mentira como uma força mundana. Seu filho, Xerxes I, também foi um adorador de Ahura Mazda, ainda que, provavelmente, tivesse uma compreensão menor acerca dos detalhes da religião de Zoroastro.

Alguns autores apontam algumas correspondências védicas em relação aos deuses cultuados, naquela época, na Pérsia, tais como Varuna (Ahura), Mithra e, por conta do culto aos espíritos da natureza, Agni (fogo).
    Alguns preceitos e pensamentos de Zoroastro podem ser vistos a seguir:
   
“A alma que teme lutar contra o mal falha no cumprimento de sua missão Divina e desperdiça a sua vida durante a sua permanência nesse mundo”.
“No dia da Ressurreição, terás de responder à Ahura Mazda (Deus supremo) pelos teus pensamentos, palavras e atos nesse mundo”.

ALEGRIA E FELICIDADE
O Zend-Avesta (livro sagrado do Zoroastrismo) nos diz que o propósito mais elevado de nossas vidas é alcançar a alegria e felicidade perfeitas e a melhor maneira de se conquistar isso é saber qual é a Vontade de Deus e agir em harmonia com ela.
“Deixemos que a alegria de viver encha os nossos corações até que ela transborde”.

VIDA MATRIMONIAL E A MULHER
A castidade é uma das virtudes principais do Zoroastrismo. O casamento é um dos pactos mais invioláveis e os filhos são uma bênção. As mulheres são o poder de sustentação do casamento e da humanidade.

“Uma mulher casta é a mais nobre criação de Ahura Mazda”.
“A mulher é a maravilha da criação. Nos sete reinos ela é incomparável e inigualável em forma e beleza. Ela é a flor que desabrocha no jardim da vida que dissemina o seu perfume ao seu redor”.
“A mulher ensina a gentileza ao homem. Ela auxilia o homem a elevar-se moralmente. Ela é o poder de sustentação da vida do homem”.
Zoroastro é um dos Mestres Primordiais no lado esquerdo do Void.

Cerca de 630 a.C., Báctria (atuais Afeganistão, Paquistão e noroeste da Índia)
Cerca de 553 a.C., Corasmia (atuais Uzbequistão e Turcomenistão)


Fonte : Apostila do Void da Sahaja Yoga


Zoroastro e os Chakras
segunda-feira, 3 de novembro de 2003 , por Graham Brown, Austrália

Como muitos dos grandes profetas, Zaratustra estabeleceu um único Deus, a quem ele chamou Ahura Mazda, para  estabelecer as bases de sua crença. Depois de um tempo meditando no deserto ele tomou consciência do Eu Singular (único, sem igual, como está descrito nos Upanishads), e desejou que as pessoas desviassem sua atenção da multiplicidade das coisas externas para este Si único. Todavia , este Monad 1 não era um simples monólito; estava mais para uma pedra preciosa multi facetada. A fim de realizar a criação e conservação do mundo, ele atribuiu a seis seres divinos (conhecidos como Amesha Spentas) e a si próprio, esta incumbência. 


As antigas divindades iranianas, que são arquétipos, encontrados em todo o politeísmo do mundo antigo, desde o Egito à Índia, não foram inteiramente abandonados, mas estavam identificados com esses setes seres angelicais ou Imortais. A maior parte dos louvores de Zaratustra eram dirigidos à Amesha Spenta feminina , chamada Aramaiti:

“Quando Oh Mazda,
irá Aramaiti, sua amorosa Devoção
em harmonia com a Verdade,
apascentar-nos com proteção e riqueza,
em sua Soberania?”

“Oh Mazda, quando vossa pura sabedoria junto a Khashathra e Volhuman chegar até nós, então o mundo material irá evoluir em direção à Verdade e à Justiça e o anjo Aramaiti iluminará os corações dos homens e mulheres de boa vontade com a luz do amor e da fé, guiando-os em direção à verdade. Então nenhum deles terá poder de trair a Deus, Todo Poderoso, símbolo de Sabedoria e Conhecimento.”

“Guia-me em direção à verdade e pureza, pela qual eu tenho ansiado, oh meu Senhor. Seguindo Aramaiti, símbolo de fé e amor, eu espero alcançar a perfeição.”

Ushtavad Gatha, Yasna 43

Esta imagem consoladora, associada à Mãe Terra é de grande importância nas Gathas, ou canções, atribuídas ao próprio profeta, e que formam a essência do Zoroatrismo. Ela retrata, e parece ter influenciado o aspecto feminino de Deus – a Sabedoria – encontrada no judaismo e no cristianismo gnóstico. 


A linguagem iraniana arcaica Avestan e os Vedas, em sânscrito, da Índia estão muito próximos nestes relatos: ‘gatha’ é o equivalente a ‘guita’ como no ‘Bhagavad Gita’. Mais que apenas palavras, as duas culturas partilham também muitos conceitos espirituais, incluindo a reverência aos elementos, particularmente o fogo, como um aspecto do Supremo. O zoroatrismo tem tanto respeito pelos elementos que, em vez de poluí-los com o sepultamento ou a cremação, eles preferem deixar seus mortos em ‘Torres de Silêncio’, onde podem  ser consumidos pelos abutres.


Os seguidores de Zoroastro refugiados chegaram à região de Gujarat, Índia no sec. 8 d.C. e não é de se surpreender que, na atmosfera de relativa tolerância  da cultura Hindu, na qual eles foram recebidos, alguns pensadores persas procuraram e encontraram semelhanças entre sua cosmologia e a dos Hindus. Os sete Amesha Spentas  descritos  por Zoroastro em sua Gathas tem sido comparado por alguns hindus persas, com os Sete Chakras (centro sutis) da yoga tradicional, cada um deles também representando um aspecto da criação.
Aqui há uma comparação entre os imortais de Zoroastro e os chakras, os quais podem ser pensados como estágios para se ascender a Deus  (as qualidades dos chakras são como é ensinado por Shri Mataji Nirmala Devi):

1. Vohu Mana – Mooladhara chakra, (centro da base). Vohu Mana representa sabedoria. Inocência e sabedoria são as qualidades do Mooladhara.
2. Asha Vahista – Swadisthana chakra, (centro pélvico). Asha Vahista é a ‘boa verdade’. Puro conhecimento é a qualidade do Swadisthana, ao lado da criatividade.
3. Khashatra Vairya- Nabhi Chakra, (centro do umbigo). Khashatra Vairya é a harmonia na natureza. O nabhi é o centro da paz, harmonia, equilíbrio.
4. Spenta Aramaiti – Anahata Chakra  (centro do coração). Spenta Aramaiti é a justiça, honestidade e amor. O centro do coração é amor e responsabilidade.
5. Haurvatata – Vishuddhi chakra (centro da garganta). Haurvatata representa perfeição. Vishuddhi significa ‘puro’.
6. Ameretat – Agnya Chakra. (centro da testa). Ameretat significa imortalidade (a palavra latim está relatada na língua persa e também em sânscrito ‘amrut’). O Agnya chakra representa o momento na revolução humana onde Cristo sobrepujou a morte.
7. Ahuramazda – Sahasrara chakra (centro da cabeça, no cume). Ahuramazda representa a unidade Divina. O Sahasrara é o centro da integração.
Estes são os níveis da realização do Si, união com o divino ou yoga.

No sistema zoroastrista, Sabedoria é necessária para se ter Conhecimento; Conhecimento é necessário para a Harmonia com a natureza; Harmonia com a natureza leva à Justiça e Amor, que leva à Perfeição, que leva à Imortalidade e daí à realização do Si.


Zaratustra descreveu as sete qualidades para o Absoluto, não meramente compromissado com as antigas religiões de vários deuses. Ele queria que seus seguidores se esforçassem para despertar essas qualidades em si próprios. Seu conceito de emanações vindas da Divindade formou as bases do Cristianismo Gnóstico e influenciou o desenvolvimento do aspecto místico do Judaismo – a Cabala.


Benevolência para com os outros é a essência dos ensinamentos do profeta, contidos nas palavras: “Bons Pensamentos, Boas Palavras, Boas Ações”. Muitos profetas posteriores passaram semelhantes ensinamentos e é fácil subestimar a revolucionária natureza das idéias de Zaratustra, uma das mais importantes é o conceito do livre arbítrio. 


Os adeptos das religiões monoteistas devem muito à Zaratustra e puderam se beneficiar de seus conceitos de um único Deus com múltiplos aspectos criativos, tanto masculino como feminino. Na yoga esses são concebidos como sete flores  como os centros espirituais, em cada um residindo a divindade ou o aspecto do Si, como a única Árvore da Vida.


O zoroastrismo tornou-se patriarcal, como as outras religiões monoteistas, mas o reconhecimento de Zaratustra do aspecto feminino do divino, na forma de Aramaiti, permanece como um legado permanente.

Oh Ahura Mazda, Vossa tem sido Aramaiti,
Vossa tem sido a Sabedoria criativa da Vida.
Em nossa carne colocastes a Vida
Concebestes-nos Palavras para guiar e força para agir.
Assim escolhemos livremente nosso caminho a trilhar
Assim cada um, se iluminado ou obscuramente
Se verdadeiramente ou falsamente
Eleva sua voz para falar
Mas ao coração e à cabeça de cada um,
Diretamente pelo espírito, Aramaiti vem a nós.
Ela mantém-se como nossa conselheira sempre que estivermos em dúvida.

Grahan Brown (2003)