Pesquisar neste blog

9 de abril de 2012

Shri Buddha



   
Resumo da Palestra de SS Shri Mataji Nirmala Devi realizada no Puja de Shri Buddha, Shudy Camps, 31 de maio de 1992

Assista vídeo desta palestra em inglês aqui

A Busca de Shri Budha:
Buddha percebeu que o ser humano precisava buscar algo além da vida. Ele era filho de um rei, teve uma bela esposa e um filho. Seria natural que alguém que estivesse naquela posição sentir-se-ia completamente satisfeito.

Um dia, Buddha viu um homem doente, um mendigo e um cadáver. Ele não foi capaz de compreender de onde vinha esse sofrimento e qual a necessidade de que houvesse sofrimento e miséria. Por causa disso, renunciou à sua família, bem como aos luxos e prazeres da vida e partiu em busca da Verdade, como muitos de vocês fizeram. Ele leu os Upanishads e outros livros no afã de descobrir a Verdade, mas nada pôde obter. Ele adotou o caminho dos Sanyasis (ascetas), no que se refere à alimentação. Abriu mão de tudo. Por fim, estava ele sob uma figueira, quando a Adi Shakti deu-lhe a Realização. Isso ocorreu porque ele era um dos escolhidos para manter um lugar especial no Virata. Ele conseguiu alcançar isso.



O Desejo é a Causa dos Sofrimentos:
O que devemos observar em sua vida foi que Ele descobriu que o desejo é a causa de todos os sofrimentos. Ele não sabia o que era o Desejo Puro. Foi por isso que ele não pôde explicar às pessoas que elas poderiam obter a sua Realização através de sua Kundalini.

Ascetismo:
Como ele adotou uma vida ascética, isso se tornou um código para os budistas. Ele costumava ter, pelo menos, ao seu redor, mil pessoas descalças e sem lugar para ficar ou para comer. Esses adeptos costumavam raspar completamente seu cabelo. Usavam apenas uma roupa, quer estivesse frio, quer fizesse calor. Não era permitido que os adeptos cantassem, dançassem ou se entretivessem com qualquer método. A comida era recolhida dos vilarejos que visitavam e provinha das esmolas que recebiam. Em primeiro lugar, os adeptos ofereciam a comida ao Guru e somente depois disso é que comiam. Caminhavam descalços no calor escaldante, na lama ou na chuva. Renunciavam a todos os seus vínculos familiares. Mesmo que um marido e uma esposa se juntassem à Sangha (coletividade), não se esperava que eles se comportassem como marido e esposa. Todos tinham de renunciar aos desejos físicos, mentais ou emocionais. Todos os budistas fazem isso, mesmo que sejam reis. Ashoka era um desses reis e tentou levar uma vida totalmente ascética. Era uma vida muito difícil, mas eles achavam que, ao fazer isso, obteriam a sua Realização. Apenas dois discípulos de Buddha obtiveram a Realização. A vida desses adeptos era seca, dura e insípida. Nela não havia nenhuma alegria. Não se permitia, também, a presença de crianças.

Sangha (coletividade):
Tratava-se de uma Sangha (coletividade). Contudo, nessa coletividade não havia relacionamento entre os adeptos, dado que se esperava que eles não falassem muito. Somente podiam conversar acerca da meditação e de como alcançar uma vida mais elevada. Essa idéia está presente em várias religiões. Daí se origina o costume de fazer com que os adeptos abram mão de todo o seu dinheiro, alegando-se que todos devem renunciar a tudo.

Mesmo à época de Buddha, todos tinham de desistir de tudo. No entanto, esse foi um esforço genuíno de Buddha envidado no sentido que todos atingissem a Iluminação, tornando-os conscientes acerca da Realidade Absoluta. Todavia, isso não ocorreu. Esse é o motivo pelo qual podemos ver como o budismo se multiplicou em diferentes seitas estranhas.
...
O segundo tipo de budismo teve sua origem quando Lao Tsé falou sobre o Tao. O Tao é a Kundalini.  Ninguém logrou entender o que é que ele estava falando. Ele se expressava através de pinturas, a fim de desviar-se daquele tipo de budismo rígido. Não obstante, isso nunca deitou raízes de forma apropriada.

Há um rio que se chama Yang-tze, no qual a paisagem se modifica a cada cinco minutos e as belas montanhas adquirem várias formas e, também, há uma série de cachoeiras. Diz-se que não se deve permitir que essas tentações exteriores distraiam a atenção. Devemos olhar para essas formas exteriores, mas, de imediato, devemos nos mover e isso é o Tao. Isso redundou em Arte. Originalmente, Buddha jamais pensou em Arte. Ele disse que é preciso fazer introspecções e mergulhar interiormente, de forma profunda, e descobrir o que é o Absoluto. Assim sendo, todo o pensamento original de Buddha começou a ser distorcido.

Sistema Zen:
O sistema Zen, iniciado no Japão, também se mesclou com a Kundalini. No sistema Zen, costuma-se bater na coluna vertebral e nos Chakras e ao se fazer isso, tenta-se despertar a Kundalini. Nesse sistema, métodos muito rígidos foram desenvolvidos com o objetivo de levantar a Kundalini. A coisa chegou a tal ponto, que encontrei indivíduos que tiveram a sua coluna vertebral fraturada. Se a coluna vertebral estiver fraturada, a Kundalini jamais levantará. Encontrei-Me com o líder da seita Viditama Zen. Chamaram-Me porque ele estava muito doente e pediram-Me que o curasse. Descobri que ele não era uma alma realizada e que não sabia nenhuma palavra sobre a Kundalini.

Perguntei-lhe o que significava Zen. Zen significa Dhyan (‘meditar’, em sânscrito). Ele ficou muito confuso a respeito do significado de Zen. Há muitos séculos que não há almas realizadas no budismo.

Penitências (Tapas):
Imaginem sob quais circunstâncias vocês obtiveram a sua Realização: sem sacrifícios e sem penitências. Isso porque Buddha simboliza a penitência (Tapa) no Agnya Chakra direito. Cristo e Mahavira simbolizam também a penitência no Agnya. Tapa significa penitência. Na Sahaja Yoga, a penitência significa meditação. A fim de meditar, devem saber quando levantar-se. Isso deve ser a coisa mais relevante para um Sahaja Yogi. Todas as outras coisas funcionam automaticamente. Para que possam crescer em profundidade, é preciso que meditem. Não precisam raspar a sua cabeça, nem andar descalços, nem passar fome e nem abandonar a sua família. Podem cantar, dançar e divertir-se.

... Somos tão limitados pelos nossos condicionamentos que as pessoas não compreendem o que é o Espírito.

O Espírito é ilimitado e é a livre expressão do amor de Deus:
Ainda agora persistem muitos condicionamentos que agem sobre nós. Alguns de vocês têm muito orgulho de sua nacionalidade e acham que não podem misturar-se com estrangeiros. Consideram-se superiores a eles. Vocês são agora seres universais. Como é que podem ainda nutrir essas limitações estúpidas que são ilusórias e míticas? Têm a luz dentro de vocês e podem ver que necessitam adquirir mais poder. Devem aprender como levantar a sua Kundalini e permanecer, durante o tempo todo, conectados ao Poder Divino, de modo que se mantenham no estado de consciência sem pensamentos e cresçam, interiormente, em profundidade.

Constato que há ainda, nos Sahaja Yogis, um condicionamento muito forte que é o conceito de “meu”. Antes da Realização, os ocidentais não ligavam muito para as suas famílias, esposas e filhos. Agora, observo que eles se grudam uns aos outros. De repente, o marido, os filhos e a casa tornaram-se muito relevantes. Os filhos dos Sahaja Yogis pertencem à coletividade (Sangha). Não devem pensar que os filhos lhes pertencem. Se pensarem assim, estarão limitando-se e gerando problemas. Não gostamos de racistas.

Shri Buddha é o Aniquilador do Ego:
Ele se move em seu Pingala Nadi e se estabelece no lado esquerdo. Ele é o controlador de nosso ego e precisa contrabalançar o lado direito. Um indivíduo orientado pelo lado direito nunca ri ou sorri. Buddha é mostrado como gordo e risonho. Ele controla o lado direito através do riso. Ele faz troça de si mesmo e enxerga todos os dramas à sua volta. Todavia, ele vê toda essa estupidez com a consciência iluminada e se diverte muito com ela.

A forma pela qual vocês reagem aos estímulos externos depende de sua atenção (Chitta). Se se tratar de algo Divino, a sua atenção torna-se profundamente enlevada. Todavia, se algo é estúpido ou divertido, podem ver a essência disso. Com sua atenção podem ver a essência de tudo em relação à realidade e comparar a estupidez com essa realidade. Isso poderia ser algo ilusório, falso, hipócrita e outras coisas que não constituem a realidade. Todavia, os Sahaja Yogis podem perceber e se deleitar com isso.

Reações:
As crianças fazem isso facilmente, até certa idade. As suas reações dependem do nível de iluminação de sua atenção. A atenção iluminada reage de forma diferente daquela atenção estúpida, confusa ou negativa. Deve-se julgar de que forma se dão as reações. Eu disse a um rapaz punk: ‘você não tem identidade e autoestima e é por isso que tenta pintar o seu corpo e tenta mostrar algo que você não é. Por que motivo você não se transforma no que é realmente?’ Posteriormente, ele se tornou um Sahaja Yogi. Vocês têm de aceitar o que são e vocês são o Espírito.

Conceitos de Buddha:
Buddha preconizou esses conceitos que devem repetir toda manhã.

O primeiro conceito diz: "Buddham Sharenam Gacchami, que significa ‘entrego-me à minha atenção despertada'.
O segundo reza: "Dharmam Sharenam Gacchami, isto é, entrego-me ao meu Dharma. Isso não é um conceito religioso ilusório que visa apenas impor uma restrição. Trata-se de entregar-se à religiosidade inata, existente dentro de cada ser humano, que é a retidão.
O terceiro conceito prega: "Sangham Sharenam Gacchami", entrego-me à minha coletividade. Vocês devem ver-se uns aos outros, pelo menos, uma vez por mês, ainda que seja num piquenique.

Vocês são partes integrantes do todo. O microcosmo tornou-se o macrocosmo, de forma que se tornaram componentes do Virata e têm de se dar conta disso. É dessa forma que as coisas funcionam mui rapidamente. É também assim que descobrimos quem são as pessoas negativas ou não, egocêntricas ou não.

Descobrimos alguns que se dizem Sahaja Yogis mas que não o são e desistimos deles. Sem ser coletivos, jamais poderão perceber o sentido e o valor da coletividade. A coletividade lhes dá muitos poderes, muita satisfação e alegria, de forma que, na Sahaja Yoga, é preciso que primeiro se dê atenção à coletividade. Mesmo que falte algo, vocês se tornam coletivos. Quando freqüentarem a coletividade, não devem criticar os outros, descobrir defeitos neles ou dirigir-se a eles de forma grosseira. Tentem descobrir, através de introspecções, por que motivo vocês persistem em descobrir os defeitos dos outros, enquanto todos os demais estão se divertindo coletivamente. Se puderem prestar mais atenção em vocês mesmos, no que concerne aos defeitos, tenho certeza de que se tornarão mais coletivos do que antes quando viam apenas os defeitos dos outros.